Entenda como funciona uma Revisão Tributária, quais as vantagens e prazos

19 de novembro de 2025

Imagem de capa artigo revisão tributária.
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Navegar pelo sistema tributário brasileiro exige precisão. As regras mudam com frequência, as interpretações variam entre esferas administrativas e judiciais, e a pressão por conformidade aumenta ano após ano. Nesse ambiente, manter a governança fiscal em dia não é apenas necessário, é um diferencial competitivo.

Mesmo empresas maduras e tecnicamente estruturadas convivem com um desafio recorrente: a distância entre o que está na legislação e o que acontece na operação. É dessa lacuna que surgem erros de classificação fiscal, créditos não apropriados, recolhimentos indevidos, falhas em obrigações acessórias e até riscos de autuação que só aparecem quando já se tornaram um passivo.

A Revisão Tributária atua justamente nesse ponto.

Ela é um serviço amplo, que combina análise técnica, auditoria fiscal, verificação de conformidade, teste de premissas, validação de regras de negócio, identificação de riscos e, quando aplicável, o reconhecimento de créditos recuperáveis.

Ou seja, recuperar tributos é apenas um dos resultados possíveis, e não o único. Neste artigo, você entenderá mais sobre as etapas, vantagens e melhores práticas desse processo. 

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O que é e para que serve a Revisão Tributária?

A revisão tributária é o processo de verificação e análise técnica que tem como finalidade identificar inconsistências, recolhimentos indevidos ou oportunidades de crédito tributário decorrentes da aplicação incorreta de normas fiscais, interpretações equivocadas ou falhas operacionais e contábeis.

É importante distingui-la de alguns processos correlatos como:

  • Auditoria tributária: busca verificar conformidade e detectar riscos;

  • Compliance tributário: estrutura políticas e controles para evitar erros futuros.

Além de recuperar tributos, benefício econômico direto, a revisão tributária proporciona ganhos operacionais, como o mapeamento de gargalos processuais e o aprimoramento da governança fiscal. Ela representa uma iniciativa estratégica que combina eficiência financeira, segurança jurídica e inteligência de negócios. 

Mais do que um procedimento corretivo, trata-se de uma prática de gestão fiscal preventiva, que permite às empresas reduzir custos, corrigir distorções e fortalecer sua governança tributária em um cenário cada vez mais fiscalizado e dinâmico.


Cenário antes e depois da Reforma Tributária: o que muda a partir de 2026?

Como vimos, a revisão tributária envolve a análise completa da operação tributária da empresa, incluindo conformidade das obrigações acessórias, validação de premissas, entre outros pontos. Até 2025, esse processo teve caráter revisional, voltado a olhar o passado. Esse modelo passa por uma transformação importante com a chegada da Reforma Tributária.

A partir de 2026, a revisão passa a ter caráter contínuo e preventivo. Isso porque o novo sistema de tributos sobre o consumo, baseado na CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e no IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), introduz um modelo de não cumulatividade plena e de apuração automatizada.

Nesse novo cenário, a empresa precisa acompanhar de perto o processo de formação e aproveitamento de créditos tributários, para além do histórico anterior, garantindo conformidade desde a origem dos dados fiscais. Em vez de apenas buscar erros antigos, o foco também estará em monitorar mês a mês a geração de créditos, evitando falhas antes mesmo que elas ocorram.

Essa transformação também muda o papel da revisão tributária dentro das organizações. Ela deixa passa a ter um papel de gestão fiscal permanente, integrada a sistemas de automação, auditorias digitais e análises preditivas. A conformidade e a rastreabilidade passam a ser essenciais, e não mais diferenciais.

Transição gradual e manutenção dos direitos de revisão

A mudança, no entanto, será gradativa. A Emenda Constitucional nº 132/2023 e a Lei Complementar nº 214/2025 preveem uma fase de convivência entre o modelo atual e o novo sistema até 2033, com ajustes progressivos.

Durante esse período, tributos como PIS, COFINS, ICMS, ISS e IPI continuarão existindo, ainda que em fase de extinção. Os dois primeiros, PIS e COFINS, serão substituídos definitivamente pela CBS a partir de 1º de janeiro de 2027. Já ICMS e ISS darão lugar ao IBS, em um processo de transição que se estende até 2033.

Até lá, as empresas ainda poderão revisar e recuperar tributos pagos indevidamente, conforme o prazo prescricional de cinco anos.

Linha do tempo da transição

  • 2026: início da convivência entre o sistema atual e o novo modelo (CBS/IBS em fase de teste). Empresas devem revisar créditos antigos e escriturar corretamente para garantir a migração.

  • 2027: extinção definitiva de PIS e COFINS, substituídos pela CBS. Créditos remanescentes serão aproveitados até junho de 2027, com possibilidade de crédito presumido.

  • 2033: extinção completa de ICMS e ISS, consolidando o sistema IBS/CBS em todo o país.

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As vantagens de uma Revisão Tributária completa

Como uma importante ferramenta de gestão, a revisão de tributos fortalece a operação fiscal como um todo, melhora a performance financeira e reduz incertezas em um ambiente regulatório cada vez mais dinâmico. Quando conduzida com método, profundidade e visão estratégica, ela gera vantagens concretas para empresas de médio e grande porte.

1. Maior segurança jurídica e redução de riscos

A revisão valida premissas, classificações, cadastros e obrigações acessórias, identificando inconsistências que poderiam se transformar em autos de infração. Ajustar essas falhas antes de uma fiscalização reduz drasticamente a exposição a multas, juros e penalidades.

2. Conformidade contínua com a legislação

A legislação tributária muda com frequência. Ao revisar processos, cruzar dados e testar interpretações, a empresa passa a operar alinhada às regras atuais, decisões judiciais recentes e entendimentos do Fisco, garantindo estabilidade mesmo em cenários de transição, como a chegada de CBS e IBS.

3. Melhoria da eficiência operacional

A análise detalhada revela gargalos, erros de parametrização no ERP e processos redundantes. Corrigir esses pontos reduz retrabalho, aumenta a produtividade da equipe fiscal e melhora a qualidade das informações que sustentam as apurações.

4. Otimização tributária e aproveitamento correto de benefícios

A revisão identifica créditos não utilizados, benefícios fiscais aplicados de forma incompleta e premissas que geram perda de eficiência. Isso permite estruturar uma operação tributária mais competitiva, com uso inteligente das oportunidades previstas em lei.

5. Diagnóstico preciso de passivos e contingências

Além de créditos, a revisão também revela débitos pendentes, apurações a menor e obrigações acessórias incompletas. Ter clareza sobre esses riscos possibilita regularização rápida e planejada, evitando impactos futuros no caixa e no compliance.

6. Melhoria da governança e da qualidade dos dados

A reconstrução das apurações e o cruzamento entre contábil e fiscal criam uma base sólida de informações, com rastreabilidade do início ao fim. Isso fortalece auditorias internas, facilita fiscalizações e melhora a tomada de decisão.

7. Impacto direto no fluxo de caixa

Quando existem pagamentos indevidos, a empresa pode recuperar valores relevantes. Além disso, ao ajustar premissas e evitar recolhimentos incorretos, o caixa deixa de ser comprometido por falhas operacionais.

8. Preparação para a Reforma Tributária

Uma operação fiscal bem estruturada, com dados íntegros e processos claros, terá uma migração mais segura para o modelo CBS/IBS, onde a geração de créditos depende diretamente da qualidade e rastreabilidade das informações.


Quais tributos entram no escopo de uma Revisão Tributária completa?

A Revisão Tributária engloba todos os tributos que interagem com a operação da empresa. A análise não se limita à busca de créditos: ela avalia conformidade, riscos, parametrizações, eficiência e aderência às normas aplicáveis. Por isso, o escopo cobre incidências federais, estaduais e municipais, com diferentes níveis de complexidade conforme o setor e o modelo operacional.

No nível federal, são revisados tributos que exigem alto rigor documental e contábil, como IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, INSS e contribuições previdenciárias. É comum encontrar distorções relacionadas a regimes de apuração, classificação de despesas, exclusões de base e critérios de creditamento.

No nível estadual, o foco recai sobre ICMS e ICMS-ST, especialmente em operações interestaduais, industrialização, cadeias com substituição tributária e consumo de energia e telecomunicação. Alterações frequentes de legislação e parametrizações desatualizadas aumentam o risco de inconsistências.

No âmbito municipal, a revisão abrange ISS, ITBI e demais tributos relacionados à prestação de serviços. Divergências de competência, retenções indevidas e enquadramentos inadequados são achados recorrentes.

Em resumo:

  • Federais: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI, INSS e contribuições previdenciárias;

  • Estaduais: ICMS e ICMS-ST (operações próprias, energia, ST e interestaduais);

  • Municipais: ISS, ITBI e tributos vinculados a serviços.

Essa amplitude garante que toda a estrutura fiscal seja analisada, permitindo corrigir falhas, prevenir passivos e identificar oportunidades legítimas de eficiência.


Qual é o prazo para revisar tributos e obrigações acessórias?

O prazo legal para revisar tributos e retificar informações fiscais é de até cinco anos. Esse intervalo acompanha o prazo prescricional estabelecido pelo Código Tributário Nacional, o mesmo utilizado pelo Fisco para fiscalizar e autuar o contribuinte. Por isso, a revisão desse período não é apenas recomendada: ela é estratégica para manter o compliance e evitar riscos retroativos.

Em termos práticos, revisar os últimos 60 meses permite:

  • Corrigir inconsistências antes que se tornem autuações;

  • Reconstruir apurações e entender impactos acumulados;

  • Reconhecer créditos ou débitos dentro do prazo legal;

  • Ajustar processos que alimentam erros recorrentes;

  • Preparar a empresa para fiscalizações futuras.

A revisão periódica é a forma mais segura de manter governança tributária consistente, reduzir exposições e preservar o direito de revisão antes que o prazo prescreva.


Próximos passos: como garantir resultados rápidos e seguros?

Após a revisão de tributos, o foco passa a ser a implementação dos ajustes identificados. É o momento de corrigir cadastros, revisar parametrizações do ERP, retificar obrigações acessórias e estruturar os procedimentos necessários para regularizar riscos e inconsistências. Esse processo exige precisão técnica e documentação clara, garantindo que cada correção seja juridicamente sustentável e rastreável.

Quando há créditos tributários, sua utilização deve seguir critérios rígidos de comprovação, respeitando prazos, normas e limites de compensação. Da mesma forma, eventuais débitos ou distorções precisam ser regularizados de forma estratégica, evitando autuações e fortalecendo a conformidade da empresa.

O objetivo é transformar a revisão em resultados concretos: menos exposição a riscos, mais segurança nas apurações e uma operação fiscal preparada para mudanças regulatórias, incluindo a transição para CBS e IBS.

👉 Converse com um especialista e entenda os próximos passos para conduzir esse processo com segurança e eficiência.



Tributário

Fiscal

Imagem de perfil autor Tassiana Flores.
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Escrito por

Tassiana Flores

Advogada e Coordenadora do Jurídico na Pactum. Pós-graduada em Direito Tributário, atua na gestão estratégica de processos judiciais, na condução de análises técnicas e no desenvolvimento de soluções voltadas à eficiência fiscal e à segurança jurídica dos clientes.

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